Hoje o susto já passou. Mas a experiência faz pensar, pensar muito e é noticia local .
Quem mora aqui na Califórnia sabe que temos pequenos terremotos todos os dias. Com variação de intensidade, e em diferentes regiões, basta dar uma olhada aqui .
Apesar de bem informados, sempre somos pegos de surpresa.
Podemos com precisão saber a previsão do tempo. Quando e quanto vai chover, esfriar, fazer calor, quanta neve vai cair, onde vai ser, etc e tal. Mas os terremotos, esses, vem sempre inesperadamente.
Algumas outras vezes eu já havia sentido tremores menores, com uma sensação de vertigem rápida e passageira. Mas ontem a noite foi forte, 5.6 de intensidade.
De repente o mundo balança. Fiquei paralisada pela surpresa, confusa pela profusão de barulhos que não conseguia identificar. Olhei pela janela, vi os carros parando...chamei pelo meu marido que via televisão na sala. Ele veio rápido e disse, " yes, yes, it's an earthquake, don't worry, come here" - mais experiente, pois já ele viveu tremores bem mais fortes por aqui - me puxou para um lugar mais seguro na casa, onde nada pudesse cair sobre nossas cabeças, me abraçou forte e assim ficamos, até que aqueles poucos segundos passassem. Segundos que duraram uma eternidade pela profusão e velocidade dos nossos pensamentos.
Ai veio o silencio, um silencio absurdo. A única coisa que se ouvia eram as batidas dos nossos corações ainda assustados. Aos poucos notamos que tudo havia passado. Um sino de vento ainda tilintando, as cortinas, a lâmpada sobre a mesa de jantar ainda balançavam. Abrimos a porta da varanda e vimos a água da piscina tremendo, parecendo em ebulição. Os vizinhos saiam para fora de suas casas conversando, carros retomavam seus caminhos.
Saímos para ver se na garagem alguma coisa havia despencado. Estava tudo em ordem. Encontramos um casal de vizinhos que acabavam de chegar em casa e foram pegos enquanto ainda dirigiam. Comentamos o incidente. Uma outra vizinha já levava seu cachorro inquieto para passear e contou-nos que na casa dela alguns objetos caíram das prateleiras.
Felizmente nada de ruim nos aconteceu, nem na nossa casa.
Voltamos a ver televisão para se ter mais notícias e mais tarde ir dormir, com a certeza da nossa vulnerabilidade.
cut to the chase
Há 11 anos